Reajuste salarial negociado supera inflação pelo 3º mês

A inflação comportada garantiu em abril o terceiro mês consecutivo de ganho real aos reajustes salariais negociados em acordos e convenções coletivas no país. Descontado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado nos 12 meses até março, de 4,6%, as negociações acompanhadas pelo Salariômetro fecharam aumento mediano de 1,4%, levando em conta os documentos com início de vigência no mês passado. Em fevereiro e março, a alta real foi de 1,1% e de 1,3%, nessa ordem. Em termos nominais, a correção mediana de abril foi de 6%. A proporção de ajustes salariais inferiores à inflação no período foi de 11,1%, menor do que os 12,9% de março e dos 44,5% de abril do ano passado, mostra o boletim elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Os acordos coletivos, aqueles com vigência específica para determinada empresa, têm dado aumentos maiores. Em abril, apenas 6,8% deram correção inferior ao INPC, contra 24% nas convenções coletivas, que valem para toda uma categoria. "A inflação projetada para os próximos meses continua em queda, preservando espaço para a continuidade dos ajustes reais", destaca a pesquisa. As projeções do Banco Central são de desaceleração do INPC acumulado em 12 meses até agosto, quando atingiria 2,71%. A partir daí, ele ganharia fôlego até atingir 3,94% em dezembro. Entre as categorias, os maiores ganhos reais, de acordo com a mediana acumulada em 12 meses, foram dos funcionários de condomínios e edifícios, 1,4%, seguidos por bancos e serviços financeiros (0,4%), estacionamentos e garagens (0,4%) e vigilância e segurança privada (0,3%). As maiores perdas, na mesma comparação, são dos trabalhadores de extração e refino de petróleo (­4,6%), de empresas jornalísticas (­1,8%) e do agronegócio da cana (­1%). Regionalmente, nenhum Estado apurou ganho no acumulado em 12 meses. Em cinco deles ­ Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ceará e Bahia ­ a mediana dos reajustes negociados empatou com a inflação. Já no Acre, Amapá e Espírito Santo, os acordos e convenções tiveram perda de 4,8%, 2,5% e 1,5%, nessa ordem. A mediana dos pisos salariais negociados em abril foi de R$ 1.093, valor ligeiramente superior ao salário mínimo vigente, R$ 937. No mesmo mês de 2016, o piso estava em R$ 1.032, para um mínimo de R$ 880. A folha salarial dessazonalizada ­ estimativa feita com base nos depósitos do FGTS feitos pelas empresas à Caixa ­ cresceu 2,4% em termos reais em fevereiro sobre janeiro (dado mais recente disponível), atingindo R$ 103,7 bilhões. No confronto com fevereiro de 2016, o crescimento foi de 3,91%, já descontada a inflação. O boletim ressalta que os acordos de redução de jornada e salário, cujo movimento acompanha através do Sistema Mediador, do Ministério do Trabalho, "se tornam cada vez mais raros". Assim como em março, foram registrados apenas três ­ um através do Programa Seguro Emprego (PSE), que conta com apoio financeiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e dois fora dele. Em abril do ano passado, foram contabilizados 39 acordos. Nos últimos 12 meses, o país contabiliza 222 acordos para redução de salário com corte na jornada. Do total, 50, 22,5%, foram feitos através do programa do governo lançado em 2015 para evitar o aumento das demissões.

 

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Dólar e juros futuros voltam a registrar alta com incerteza política

Depois do alívio da sexta­feira, os mercados de câmbio e renda fixa voltaram a sentir a pressão da persistente incerteza política. Os juros futuros de prazos intermediários negociados na BM&F não só anularam a queda da sessão anterior como superaram os níveis alcançados no fim da quinta­feira, quando os mercados foram tomados por uma onda de zeragem de posições. O dólar fechou em alta de 0,60%, a R$ 3,2749. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2021 avançou para 11,55% ao ano, ante 11,17% no último ajuste e acima dos 11,39% de quinta­feira. Em outra evidência da percepção de risco ainda latente, a inclinação entre os contratos DIs com vencimento em janeiro de 2021 e janeiro de 2019 voltou a bater recorde, indo a 1,28 ponto percentual. Ou seja, o mercado elevou o retorno extra pedido para aplicar em vértices mais longos. A percepção é que o noticiário de fim de semana indicou mais pressão sobre Michel Temer. Há avaliações de que a postura combativa do presidente amplia riscos de mais demora na resolução da atual crise política, o que mantém travada a agenda de reformas. Por isso, ainda não há consenso claro no mercado em relação ao melhor cenário para os negócios. Mas, na margem, tem crescido o número de agentes financeiros que veem na renúncia de Temer a melhor solução. Uma renúncia seria a saída mais honrosa, segundo esses profissionais, que apostam na eleição indireta de uma autoridade com capacidade para reativar a agenda de reformas. O profissional de um banco em São Paulo diz que a ansiedade do mercado por resolução da crise hoje reflete anseios de troca de comando. A saída do peemedebista e a escolha de um representante de sua base aliada, em eleição indireta, seria o cenário mais favorável ao mercado e poderia reestabelecer as iniciativas reformistas antes da próxima eleição, em 2018. "O mercado fica muito apreensivo quando vê que o presidente, fragilizado, procura resistir e ainda não discute uma alternativa", diz. Na avaliação do profissional, "a necessidade de reformas é mais importante do que o nome de quem está liderando o processo". Um indicativo do incômodo com a decisão de Temer de não renunciar pôde ser visto já na quinta­feira, quando os ativos sofreram o primeiro grande ajuste após o estouro da crise. Às 16h do pregão de quinta ­ antes do pronunciamento de Temer ­, o dólar operava em alta de 6,67%. Após Temer afirmar que não renunciaria, a moeda acelerou a alta, fechando com ganho de 8,06%, o mais forte em 18 anos. Para o gestor de multimercados de uma casa em São Paulo, o presidente perdeu credibilidade para negociar com o Congresso as pautas econômicas ­ principalmente a reforma da Previdência, que já enfrenta resistência da sociedade civil. E essa situação torna mais melindroso o processo de negociação com os parlamentares. "O mais importante agora é que venha alguém do Congresso com força para fazer essas negociações", afirma esse gestor, que vê rali "expressivo" nos mercados caso o presidente renuncie. Ele estima 80% de probabilidade de Temer não encerrar seu mandato. Dado o grau de incerteza, esse gestor tem construído posições que se beneficiam da alta do dólar, do cupom cambial (juro em dólar) e do Credit Default Swaps (CDS, derivativo que funciona como uma espécie de seguro contra calote). Por outro lado, está "levemente aplicado" em juros ao longo do primeiro semestre de 2018, ainda vislumbrando o ciclo de alívio monetário. "No líquido, estamos levemente otimistas. Mas apenas levemente." Já o profissional de tesouraria de um grande banco na capital paulista não mostra tanta convicção sobre a saída de Temer ser a melhor solução. "A agenda dele é correta, e os políticos se dão conta de que não há plano B. Portanto, com ou sem Temer não vejo mudança na política econômica", afirma.

 

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Queda do PLD pode ajudar a aliviar exposição ao risco hidrológico

A forte queda no preço de liquidação das diferenças (PLD) desta semana é uma boa notícia para aqueles que estão expostos ao risco hidrológico (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês). Isso porque a maior parte das geradoras hidrelétricas acaba liquidando a exposição ao GSF no mercado de curto prazo. Como o PLD esteve acima de R$ 450 por megawatt­hora (MWh) durante todo o mês de maio, o valor referente à exposição ao GSF era consideravelmente grande. Com a queda de 75%, para R$ 118,77/MWh, nas regiões Sudeste, Sul e Norte no período de 27 de maio a 2 de junho, o valor da exposição tende a ser menor. Outra boa notícia é que o GSF previsto pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para maio caiu de 23,5% para 20,6%. Para junho, a expectativa é de um índice de 17,1%. Isso significa que uma hidrelétrica que tenha 100 megawatts (MW) médios de garantia física vai ter gerado, em média, 79,4 MW médios durante maio. Se a usina contratou 95 MW médios, vai precisar comprar os 15,6 MW médios restantes no mercado de curto prazo, pagando o PLD. Ainda é um nível consideravelmente alto, mas indica que a CCEE vai revisar para baixo a sua projeção do início de maio para o GSF médio do ano, de 19,2%. Até o início do mês, a CCEE contava com um PLD médio de R$ 353/MWh e o GSF médio de 19,2%, resultando numa exposição de R$ 39,7 bilhões. Desse montante, R$ 26,7 bilhões estavam em contratos no mercado regulado e outros R$ 13 bilhões no mercado livre. No mercado regulado, a maior parte dos agentes está protegida, seja por mecanismos de hedge ou pelo "seguro" que o governo ofereceu em 2015 na chamada repactuação do risco hidrológico, quando foi publicada a Medida Provisória (MP) 688, convertida na Lei 13.203 de 2015. O problema urgente está no mercado livre. O produto do "seguro" voltado para esses contratos não agradou e os agentes preferiram manter as liminares que limitam os efeitos do GSF em suas contas a zero ou 5% de exposição. Desde então, a CCEE já acumula um montante de R$ 1,6 bilhão em aberto nas liquidações do mercado de curto prazo, referente às liminares do GSF. Ainda que a exposição no mercado livre este ano não chegue aos R$ 13 bilhões calculados pela CCEE anteriormente, devido à atualização das premissas, o problema segue urgente para o governo, pois o mercado de curto prazo pode travar, inviabilizando novos negócios. A expectativa da CCEE e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) era de que os maiores geradores protegidos por liminares entregassem até o fim da semana passada uma proposta de repactuação, envolvendo a desistência das liminares e a extensão de suas concessões como contrapartida. A proposta foi o resultado de várias reuniões realizadas entre as empresas e membros da CCEE e da Aneel. A crise do governo que estourou com a divulgação da delação da JBS, porém, travou as negociações, e a proposta ainda não foi entregue, segundo o Valor apurou. A CCEE deve atualizar as projeções do GSF e ao PLD ainda hoje.

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Como funciona o seguro de vida resgatável?

Ouvi falar de uma opção de seguro resgatável. Como funciona? É uma boa opção? Feliphe Pereira, CFP, responde: Caro leitor, Primeiramente é preciso parabenizá­lo pela sua preocupação com a proteção familiar, tema frequentemente deixado de lado por grande parte dos brasileiros e que, quando tratado no âmbito de um planejamento financeiro, oferece tranquilidade e pode garantir a concretização dos projetos de vida de uma família. Os seguros de vida resgatáveis, inspirados em soluções já consolidadas no exterior, ganharam popularidade no Brasil nos últimos anos, atraindo principalmente pessoas preocupadas com a proteção familiar, mas que enxergavam os seguros tradicionais como um dinheiro jogado fora. Quando avaliamos soluções financeiras, é importante ter em mente que cada produto possui uma função específica, com características que envolvem a forma de desembolso, os benefícios, os riscos e as consequências tributárias e sucessórias, que devem estar alinhadas às nossas necessidades e objetivos. A proteção familiar é certamente um objetivo (mesmo que inconsciente) para grande parte das pessoas e, nesse contexto, a principal função dos seguros de vida é garantir a tranquilidade financeira em caso de situações que interrompam a geração de renda pela pessoa responsável pelo sustento da família, decorrentes de uma eventual invalidez, doença grave ou falecimento. O seguro resgatável consiste numa modalidade de seguro de vida que, além dos atributos acima, permite que o segurado resgate uma parte do valor de contribuição em vida, sendo que esse resgate normalmente começa com um percentual bem reduzido a partir de dois anos de contribuição (carência de resgate) e pode chegar a 100% do valor a partir de dez anos, com o valor corrigido pela inflação acrescido de alguma rentabilidade. Fora a questão do resgate, uma outra vantagem em relação aos seguros tradicionais é que as parcelas não aumentam em função do tempo/idade, sendo geralmente corrigidas apenas pela inflação, o que evita surpresas desagradáveis para o segurado, que, em muitos casos, acaba perdendo o seguro de vida tradicional por não conseguir pagar as parcelas à medida que o valor aumenta com a idade. Até aqui estamos indo muito bem, mas infelizmente também temos que ponderar algumas desvantagens dos seguros resgatáveis, e a máxima do mercado financeiro de que "não existe almoço grátis" também se aplica nesse caso, em que o principal ponto de atenção é justamente o preço (conhecido como "prêmio") do seguro resgatável, que costuma ser três ou quatro vezes superior ao preço de um seguro comum. Isso porque uma parte do valor pago precisa ser direcionada para a formação da reserva, enquanto a outra parte cumpre o papel de um seguro tradicional. Dessa forma, para avaliarmos se vale a pena contratar um seguro resgatável, é preciso entender o contexto financeiro e patrimonial da família, como, por exemplo, a possibilidade de resgate do seguro em pouco tempo ou a capacidade financeira para arcar com os custos mais elevados de um seguro resgatável durante os próximos anos (ou até mesmo décadas). Dependendo do caso, o seguro resgatável poderia se tornar uma opção "muito arriscada" sob o ponto de vista financeiro, e um seguro tradicional aliado a algum tipo de investimento seria a alternativa mais adequada. Vale ressaltar que, se o objetivo for a construção de uma reserva financeira para aposentadoria, ou o acúmulo de capital para realização de um projeto, existem soluções financeiras mais adequadas que o seguro resgatável, tanto em termos de rentabilidade quanto em termos tributários e de liquidez. Considerando o universo de variáveis que envolvem essa decisão, o apoio de um planejador financeiro pode contribuir para o desenho da alternativa mais adequada aos objetivos da família, bem como para a análise dos preços praticados para cada solução. Feliphe Pereira é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP (Certified Financial Planner), concedida pela Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar) E­mail: fepe177@yahoo.com.br As respostas refletem as opiniões da autora, e não do jornal Valor Econômico ou da Planejar. O jornal e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: consultoriofinanceiro@planejar.org.b

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Setor apresenta alto risco cibernético

O ataque de um vírus que se propagou na sexta ­feira dia 12 de maio e afetou centenas de milhares de computadores em mais de 150 países acendeu um alerta entre as instituições de saúde. O ciberataque, que derrubou o sistema de saúde público do Reino Unido deixando milhares de pessoas sem atendimento, mostrou que esse mercado é particularmente sensível ao risco cibernético, gerando alertas sobre a vulnerabilidade dos sistemas e a falta de políticas de segurança. "Hoje os ataques não envolvem mais hackers se divertindo, mas países que querem ter acesso a dados sigilosos da medicina ocidental para queimar etapas e acelerar o desenvolvimento de novas drogas", afirma Enrico De Vettori, sócio da área de saúde da Deloitte. Segundo pesquisa do Ponemon Institute, que entrevistou mais de 300 empresas, incluindo brasileiras, o custo de um incidente de segurança por receita de segurado é maior na saúde do que em qualquer outro segmento: ele alcança US$ 355 per capita, seguido por educação (US$ 246) e finanças (US$ 221). A pesquisa aponta que a maior preocupação das organizações está relacionada à negligência dos colaboradores com 69% das respostas, os ataques cibernéticos, com 45%, aparecem na segunda posição. Apenas 11% das organizações ouvidas pela consultoria não registraram ataques nos últimos 24 meses. Dos ataques sofridos, 50% foram cibernéticos, 41% provocados por empresas externas, 39% por roubo de computadores, 36% em consequência de ação de empregados, 29% decorrentes de falha de sistemas técnicos, 13% por sistemas maliciosos introduzidos pela própria organização, e 8% não maliciosos. O cuidado com a segurança da informação não é mais uma preocupação apenas da área de tecnologia, mas diz respeito ao negócio, pois uma empresa pode perder o seu valor e até ser obrigada a encerrar suas atividades se houver vazamentos. E não se trata apenas de se proteger de ataques de vírus, mas também nas quebras de segurança que podem ocorrer no dia a dia. É muito comum um médico mandar para seu e­mail particular um resultado de exame e comentar informações sigilosas por whatsapp. Um eventual ataque à uma instituição de saúde pode gerar danos à sua reputação por um período de muitos anos. O visível, no primeiro momento, é a insuficiência técnica para barrar o ataque. Depois se avalia as melhorias na segurança, questão regulatória, multas e seguro. De acordo com Vettori, o impacto econômico, nessa fase, será apenas 5% dos custos totais ­ 95% são os outros custos como a perda de propriedade intelectual, perda de clientes, de receita e queda no valor percebido pelos usuários. Por causa de um laptop roubado, uma seguradora de saúde dos Estados Unidos com faturamento de US$ 60 bilhões por ano teve os dados de 2,8 milhões de segurados invadidos. A empresa só se deu conta uma semana depois do ataque, quando teve que suspender os sistemas, o que implicou em prejuízo de US$ 830 milhões, sem contabilizar as perdas com a imagem nos próximos cinco anos. "Não é apenas o prontuário do paciente que deve ser protegido de ataques externos, o risco interno também deve ser priorizado", afirma Luiz Milagres, gerente de cibersegurança da consultoria EY, que ao lado de Vettori, participou de um debate sobre privacidade e segurança no setor de saúde durante a Hospitalar 2017, realizada na semana passada em São Paulo. Nos Estados Unidos, empresas de saúde com mais de 500 funcionários são obrigadas a informar publicamente se sofreram algum ataque. O Brasil está elaborando uma lei de proteção de dados que deve sair até o final do ano. Hoje, o Marco Civil da Internet é aplicado em determinados casos. Uma empresa de saúde tem o dever de diligência, ou seja, não pode ser negligente com a atualização dos sistemas ou terá que responder perante a lei, afirma Renato Ópice Blum, coordenador de direito digital do Insper. Se a instituição de saúde tem problemas de orçamento, o responsável pela tecnologia deve garantir que fez o pedido de verbas e alertou para o problema, dividindo responsabilidades como o gestor. O cuidado, de acordo com Blum, começa na coleta do dado. O Artigo 7 do Marco Civil da Internet diz respeito ao processamento, armazenamento e coleta desses dados. Em primeiro lugar é necessário ter o consentimento expresso, claro e informado da pessoa que fornece as informações, e a empresa tem que guardar o registro desse consentimento em ambiente seguro, pois pode ser multada se essa coleta for feita sem um propósito bem definido, ressalta Blum. A Lei de Proteção de Dados inclui em um de seus artigos a necessidade da criação de um novo cargo nas empresas com mais de 200 funcionários: o de Chief Privacy Officer (Chefe de Segurança e Privacidade).

 

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Ciberataques em larga escala atingem empresas no mundo e afetam Brasil

Empresas de ao menos mais 74 países, incluindo o Brasil, foram alvos de uma série de ciberataques em "larga escala", segundo a empresa de segurança russa Kaspersky Lab. Os ataques afetaram hospitais públicos na Inglaterra e levaram a cancelamentos de atendimentos e redirecionamento de ambulâncias.

No Brasil, os ciberataques fizeram com que sites do Ministério Público e do Tribunal de Justiça saíssem do ar nesta sexta. Segundo os órgãos, a decisão de tirar do ar foi por precaução. Sistemas de internet do INSS no Ceará, Rio e em Brasília foram desligados após suspeita de ataque.

Após ciberataque à Telefônica na Espanha, a Vivo no Brasil orientou funcionários a não acessarem a rede corporativa da empresa no Brasil - a medida foi direcionada para os escritórios da empresa, sem afetar os usuários dos serviços da Vivo.

Os ataques usam vírus de resgate (ou "ransomware"), que inutilizam o sistema ou seus dados, até que seja paga uma quantia em dinheiro - entre US$ 300 e US$ 600 em Bitcoins, diz a Kaspersky. A empresa detectou 45 mil ataques em 74 países, em relatório divulgado na tarde desta sexta-feira. A maior parte dos ciberataques foi registrado na Rússia.

 

INSS

 

No Ceará, segundo a assessoria de comunicação regional do INSS, cerca de 90 agências receberam orientação para desligar todos os computadores, segundo a direção do instituto. Em Brasília, na sede, não foi informado o número de agências afetadas. Mas, por telefone, um servidor da comunicação do INSS confirmou a informação ao G1, e disse que não poderia passar maiores dados, justamente, por estar sem acesso à web.

O G1 entrou em contato com o Ministério do Desenvolvimento Social e aguardava posicionamento até a publicação desta reportagem. Também por telefone, uma funcionária do prédio central do INSS informou que outros servidores estavam indo para casa, mais cedo, por não conseguirem trabalhar sem internet.

 

No Ceará, funcionários estão sem acesso ao sistema e foram informado de que houve um ataque à empresa Dataprev, no Rio de Janeiro.

O órgão está mantendo a entrada de documentos e requerimentos físicos nas agências. Os usuários estão sendo orientados a reagendar o atendimento pelo número 135.

A superintendência regional da PF informou que acionou o serviço de inteliência para verificar extensão do problema.

 

Vírus de resgate

 

Os relatos indicam que eles foram alvo de vírus de resgate. Eles são pragas digitais que embaralham os arquivos no computador usando uma chave de criptografia. Os criminosos exigem que a vítima pague um determinado valor para receber a chave capaz de retornar os arquivos ao seu estado original.

Quem não possui cópias de segurança dos dados e precisa recuperar a informação se vê obrigado a pagar o resgate, incentivando a continuação do golpe.

O jornal "The New York Times" diz que os ataques podem ter usado uma ferramenta chamada EternalBlue, que foi roubada da NSA, a agência de segurança nacional dos EUA, pelo grupo de hackers denomianado ShadowBrokers.

Segundo a Kaspersky, o vírus se espalha por meio de uma brecha no Windows, que a Microsoft diz ter corrigido em 14 de março. Mas usuários que não atualizaram os sistemas podem ter ficado vulneráveis.

A falha afeta as versões Vista, Server 2008, 7, Server 2008 R2, 8.1, Server 2012, Server 2012 R2, RT 8.1, 10 e Server 2016 do Windows.

 

Hospitais na Inglaterra

 

Representantes de hospitais afetados na Inglaterra relataram ao jornal que cancelaram atendimentos e redirecionando ambulâncias para outros hospitais.

De acordo com a publicação, as instituições sofreram, simultaneamente, um bug em seus sistemas de informação. O serviço de saúde pública da Inglaterra declarou estar ciente do problema.

Médicos locais publicaram posts no Twitter relatando o incidente:

O jornal "The Guardian" reproduz uma série de mensagens que teriam sido escritas por um desses médicos.

"Então, nosso hospital está fora do ar... Um ciberataque foi antecipado. Então, eles desligaram tudo. Como nos filmes, sabe? Nós recebemos uma mensagem dizendo que nossos computadores estão sob o controle deles [supostos autores do ciberataque] e [exigem] que se pague uma certa quantia de dinheiro. E agora tudo se foi", diz o trecho publicado no site do jornal.

 

Atendimentos cancelados e ambulâncias redirecionadas

 

"Lamentamos ter que cancelar consultas de rotina, e pedimos ao público para usar outros sistemas do serviço de saúde quando possível. Ambulâncias estão sendo redirecionadas para outros hospitais", disse o representante do hospital de Barts ao "Guardian".

O fundo East and North Herts NHS, que administra quatro hospitais, publicou em seu site uma nota sobre o ataque, citando problemas tanto no sistema de informação quanto no sistema de telefonia. Não há evidências de que os dados de pacientes tenham sido afetados, segundo a "BBC".

 

Avast indica surto

 

A fabricante de antivírus Avast divulgou um alerta confirmando um surto de ataques dessa praga digital. "Nós observamos um pico maciço de ataques do WanaCrypt0r 2.0 hoje, com mais de 36.000 detecções, até agora. Uma observação interessante que fizemos é que a maioria dos ataques de hoje está direcionada para a Rússia, Ucrânia e Taiwan", afirmou Jakub Kroustek, líder da equipe do laboratório de ameaças no Avast.

Vírus de resgate (ou "ransomware") é uma praga digital que inutilizam o sistema ou seus dados, impedindo o funcionamento regular do computador até que seja paga uma quantia em dinheiro. O pagamento normalmente deve ser efetuado através de uma "criptomoeda", como o Bitcoin, para que as autoridades não consigam rastrear os invasores.

 

Medidas de contenção

 

"Ao tomar conhecimento do problema, o fundo imediatamente agiu para proteger sistemas de informação desligando-os; isso também significa que o sistema de telefonia não estão recebendo chamadas", diz declaração do sistema de saúde inglês ao "Guardian".

"Estamos adiando atividades não-emergenciais hoje e pedindo às pessoas que não venham à emergência – por favor, ligue para o 111 para dúvidas médicas urgentes ou 999 para emergência com risco de vida. Para garantir que todos os processos e procedimentos de back-up foram colocados em prática rapidamente, o fundo declarou abertura de um incidente interno de grandes proporções, para se certificar de que os pacientes nos hospitais do fundo continuem a receber os cuidados de que necessitam."

 

FONTE

http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/hospitais-publicos-na-inglaterra-sao-alvo-cyber-ataques-em-larga-escala.ghtml

Resultado da seguradora Allianz encolhe no trimestre

A seguradora alemã Allianz disse nesta quartafeira (3) que seu lucro caiu no primeiro trimestre,
sobretudo devido a uma base de comparação forte.
O lucro líquido foi de 1,8 bilhão de euros no período entre janeiro e março, cerca de 18% abaixo do obtido no primeiro trimestre do ano passado e ligeiramente abaixo da previsão dos analistas, de 1,9 bilhão de euros. Os fortes dados do ano anterior foram em parte determinados pelos ganhos que a Allianz registou em sua carteira de investimentos.
A Allianz informou que a receita do primeiro trimestre foi de 36,2 bilhões de euros, com alta de 2,5% em comparação com o mesmo período do ano passado.
A empresa confirmou as suas perspectivas para 2017, dizendo que pretende obter lucro operacional de 10,8 bilhões de euros, o mesmo número que registou no ano passado, podendo haver uma variação de 500 milhões de euros para mais ou para menos.
Os ativos sob gestão subiram para 1,403 trilhão de euros em relação a 1,36 trilhão de euros há um ano, apesar de a empresa não ter dados números específicos sobre a subsidiária Pimco. A gestora passou por uma fase turbulenta, com uma forte retirada de clientes após a saída do cofundador Bill Gross em 2014, mas tem registado fluxos líquidos de entrada desde o terceiro trimestre de 2016.
A Allianz publica os resultados completos do primeiro trimestre no dia 12 de maio.

FONTE:

http://www.valor.com.br/financas/4955624/resultado-da-seguradora-allianz-encolhe-no-trimestre#

Mercado de máquinas usadas ganha força na crise

Que a recessão golpeou praticamente todos os setores da economia do país nos últimos anos não é novidade. Mas a crise também gera oportunidades, e na área de máquinas agrícolas a forte queda das vendas de novos tratores e colheitadeiras revigorou os usados e conferiu aos negócios nesse mercado uma certa profissionalização, em detrimento de sua histórica
informalidade. "Com a crise, as torneiras de crédito se fecharam. Financiamentos que eram de até 100% do valor das máquinas passaram a girar em torno de 70%", lembra Marcelo Kozar, sócio da Via Máquinas, que presta serviços para concessionárias, entre os quais gerenciamento de estoques e vendas de equipamentos usados. A empresa, cuja sede é em Itajaí (SC), mantém
convênio com a Assodeere, associação de distribuidores da John Deere, e conta no total com mais de 80 clientes, donos de 250 lojas.


Para a Via Máquinas, diz Kozar, o faturamento com as vendas de grandes máquinas agrícolas usadas saltou de cerca de R$ 5 milhões, em 2014, para R$ 16 milhões no ano passado. Em 2017, mesmo com a retomada das vendas de colheitadeiras e tratores novos no país, a expectativa é de crescimento de 31%. "Uma parcela considerável de produtores, para não ter de dar garantias adicionais, ainda está comprando equipamentos usados", afirma.
Se no passado os baixos investimentos dos produtores brasileiros em maquinário não estimulavam a formalização do mercado de equipamentos já rodados, mesmo a partir de meados da última década, quando os aportes cresceram embalados por crédito farto a juros subsidiados, os usados continuaram a ser um negócio entre conhecidos ou simplesmente passaram a ser abandonados sem uso nas propriedades.


Mas com o tombo das vendas de maquinário novo em 2014 e 2015, o cenário mudou. Para tentarem estancar a sangria, as concessionárias começaram a aceitar colheitadeiras, plantadeiras, pulverizadores e tratores usados como entrada na compra de novos. E nesse ambiente os negócios passaram a ser melhor estruturados e a contar com as garantias de praxe, embora as transações entre produtores ainda prevaleçam.


Emílio Gotti Filho, gerente de seminovos e usados da concessionária Igarapé, ligada à Associação Brasileira dos Distribuidores New Holland (Abraforte), confirma que, apesar do aquecimento do mercado de máquinas novas, a área de colheitadeiras e tratores usados segue viva. E que no segundo semestre, passadas as principais feiras agropecuárias do país, os negócios nessa frente tendem a ganhar uma nova dinâmica.


Fontes do segmento observam que o fato de atualmente as taxas de juros do Moderfrota linha
de crédito voltada à aquisição de tratores e colheitadeiras com recursos do BNDES e juros controlados serem mais elevadas também ajuda as vendas de usados.
Mas entre os interessados não está apenas o produtor com restrição de crédito que não consegue financiamento para adquirir um zero quilômetro. Há o agricultor mais conservador, que investe tanto em equipamentos novos quanto em usados, a depender de suas prioridades, e o rol também inclui a figura do corretor, que compra e reforma o maquinário e para revendêlo depois.
Para a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o fortalecimento do mercado de máquinas usadas é importante para a dinâmica de vendas como um todo. "Ajuda tanto na venda de máquinas novas [que aceita a usada como entrada] quanto na democratização do acesso à tecnologia", diz Ana Helena de Andrade, vicepresidente da
Anfavea Mas mensurar o tamanho desse mercado ainda é uma tarefa árdua, até porque a vida útil do maquinário agrícola varia por horas de uso, não por anos. "O que eu posso garantir é que as máquinas que foram vendidas nos últimos 15 anos ainda estão em operação", afirma Ana Helena. Nesses últimos 15 anos, foram vendidos 667 mil tratores de rodas e
colheitadeiras de grãos no Brasil.


Segundo a executiva, a associação tem se aliado a outras entidades com o intuito de organizar e dar maior visibilidade ao mercado de máquinas usadas. Atualmente, estão sendo realizadas reuniões com a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e com seguradoras para desenvolver parâmetros para cálculos de depreciação de usados. "Estamos tentando aprofundar o conhecimento desse mercado".